quinta-feira, 31 de março de 2011
World Immune Regulation Meeting – V (WIRM)
post de Natalia Machado
O congresso acontece em Davos, um paraíso dos esportes de inverno, como eles dizem por aqui. No entanto, a cidade também é conhecida como “the congress city”, titulo vinculado ao Fórum Econômico Mundial que acontece uma vez por ano.
A primeira característica deste encontro é o fato de ser grande e possibilitar o aprendizado em muitas disciplinas, mas ao mesmo tempo pequeno o suficiente para conhecer pessoalmente os “experts”. Além de 10 “travel grants” para os melhores resumos e tardes livres para o “winter sports break”, a sessão de pôster tem uma estrutura diferente: “a poster walk”. Os avaliadores daquela categoria encontram os apresentadores e cada um apresenta seu pôster para todos.
O primeiro dia do encontro é dedicado à imunidade inata e homeostasia. E logo pela manhã seria uma das palestras que eu estava mais interessada em assistir: “C-type lectins in the control of innate and adaptive imune response” da pesquisadora holandesa Yvette van Kooyk.
Ela inicia a palestra ressaltando a importância das células dendriticas (DCs) no reconhecimento de patógenos e geração de imunidade, mas também seu papel na homeostasia. Dentre as lectinas do tipo C expressas por DCs, ela cita o DC-SIGN que reconhece de modo especifico carboidratos Lewis [1].
Fonte: Y. van Kooyk, T.B.H. Geijtenbeek, DC-SIGN: escape mechanism for pathogens, Nat Rev Immunol. 3 (2003) 697-709.
A composição do glicano no patógeno tem papel determinante no direcionamento da resposta imune das DCs. Recentemente, seu grupo começou a modificar antígenos com glicanos específicos para favorecer o direcionamento para DCs. Utilizando camundongos transgênicos que expressam DC-SIGN, eles demonstraram que a modificação de OVA com glicano Lewis X ou B resultou em indução de OT-II 10 vezes maior do que OVA não-modificada. Além disso, houve apresentação cruzada para células OT-I de modo significativo [2].
Além dos testes com antígenos solúveis, eles têm avaliado a modificação de lipossomos com glicanos para aumentar a resposta imune. No entanto, a formulação do glicolipossomo pode afetar negativamente o potencial de direcionamento para DCs. Por outro lado, ela mostra dados positivos ainda não publicados em modelo de pele humana utilizando glicolipossomo com antígeno MART-1 de melanoma. Eles observaram que as DCs migratórias expressam o lipossomo (principalmente Lewis).
Outra abordagem apresentada foi a sinalização via TLR juntamente com o direcionamento para DC-SIGN que não resultou em aumento da apresentação e ativação de células T. Diante de tantas possibilidades, ela conclui que a combinação entre função e perfil de expressão de lectinas e TLR em DCs pode gerar “glico-vacinas” únicas para gerar o tipo de resposta imune desejada.
Terminando sua palestra, van Kooyk apenas cita que a utilização de OVA modificada para o receptor de manose resultou no aumento da apresentação cruzada de modo independente de TLR. Ela cita também a indução de tolerância com a aplicação de OVA modificada em lipossomo na presença de prednisolona por induzir Treg.
Quando questionada sobre outras lectinas, van Kooyk revela dados também positivos para direcionamento de Dectina-1 e indução de imunidade.
Referências:
[1] Y. van Kooyk, T.B.H. Geijtenbeek, DC-SIGN: escape mechanism for pathogens, Nat Rev Immunol. 3 (2003) 697-709.
[2] S.K. Singh, J. Stephani, M. Schaefer, H. Kalay, J.J. García-Vallejo, J. den Haan, et al., Targeting glycan modified OVA to murine DC-SIGN transgenic dendritic cells enhances MHC class I and II presentation, Mol. Immunol. 47 (2009) 164-174.
quarta-feira, 30 de março de 2011
É HOJE!
terça-feira, 29 de março de 2011
Um ano do Blog da SBI
Ele contem textos muito interessantes e tem tido um número elevado de visitas.
Apesar disto, o número de visitas vindas de Salvador tem caído muito nos últimos meses.
O que tem acontecido?
Anthony Atala: Printing a human kidney
segunda-feira, 28 de março de 2011
Mecanismos de necroptose em células T e resposta antiviral
Post de Jaqueline França
Durante muitos anos, apoptose foi considerada como a única forma de morte celular programada. No entanto dados recentes da literatura indicam fortemente que a necrose, a qual tem sido vista tradicionalmente como uma forma de morte celular passiva, também pode ocorrer de maneira regulada através de um mecanismo chamado “necroptose”. Este mecanismo é marcado por uma tumefação celular e das organelas, formação extensiva de vacúolos intracelulares e ruptura rápida da membrana plasmática, ausência de marcadores clássicos de apoptose, como condensação de cromatina e fragmentação nucleossomal de DNA [1]. É interessante observar que a necroptose pode ser ativada pelos mesmos ligantes que ativam a apoptose, como por exemplo TNF, FasL e TRAIL. Contudo os eventos que deflagram tais vias de morte ainda precisam ser melhor estudados.
Em 2008, Ch’en e colaboradores observaram que a deficiência na expansão de células T causada pela ausência de caspase 8 era claramente relacionada à perda contínua de viabilidade celular [2]. No entanto, a morte não era por apoptose. Nesse contexto, o grupo publicou recentemente no Journal Experimental Medicine um estudo no qual investigaram necrose programada, autofagia e necroptose como possíveis vias de morte em células T de camundongos C57BL6 deficientes de caspase 8 [3].
Com o auxilio de animais deficientes para os genes Ppif (codifica ciclofilina D) e Atg7 os autores demonstraram que nem a necrose programada (definida pela presença de ciclofilina D) nem a autogafia (definida pela presença de Atg 7) atuam na necroptose observada em células T deficientes em caspase 8. Tendo em vista que a iniciação da necroptose, via receptores de morte, requer a atividade das cinases RIPK1 (receptor interacting protein 1) e RIPK3, os autores deduzem que a caspase 8 inibe a ativação de Ripk1-Ripck3, e que a sua ausência resulta em necroptose.
Por fim, os autores discutem que este circuito de sinalização poderia ter um possível significado fisiológico, já que a ausência da atividade de caspase 8 pode ser um marcador, como um padrão molecular associado a patógenos, indicando a presença de um inibidor de caspases expresso por vírus.
Referências:
[1] P. Vandenabeele, L. Galluzzi, T. Vanden Berghe, G. Kroemer, Molecular mechanisms of necroptosis: an ordered cellular explosion, Nat. Rev. Mol. Cell Biol. 11 (2010) 700-714.
[2] I.L. Ch’en, D.R. Beisner, A. Degterev, C. Lynch, J. Yuan, A. Hoffmann, et al., Antigen-mediated T cell expansion regulated by parallel pathways of death, Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 105 (2008) 17463-17468.
[3] Ch'en, I., Tsau, J., Molkentin, J., Komatsu, M., & Hedrick, S. (2011). Mechanisms of necroptosis in T cells Journal of Experimental Medicine DOI: 10.1084/jem.20110251
The British Medical Journal Group Awards: teste diagnóstico para a tuberculose concorre a prêmio de medicina baseada em evidências
O BMJ Group Awards premia contribuições de excelência com efeitos mensuráveis para o cuidado em saúde. Este ano, o prêmio será entregue em 18 de maio no London Hilton em Park Lane.
O Projeto de Tuberculose da equipe do Dr. Richard Feinmann do Hospital Internacional de Kampala, Uganda concorre para o prêmio Getting Evidence into Practice de 2011, com a introdução do teste de baixo custo para o diagnóstico da tuberculose baseado na cultura líquida de amostras de escarro (Microscopic Observed Technique, MOT). O teste foi desenvolvido no Peru (com o nome de Microscopic Observation broth-Drug Susceptibility assay, MODS) para o diagnóstico rápido de tuberculose e susceptibilidade a drogas [1].
O MOT apresentou elevada sensibilidade e especificidade quando confrontado com o sistema de cultura líquida Bactec 960 MGIT, e seu custo é 14 vezes menor, além de ser de fácil execução e implementação, não requerer infraestrutura em nível de segurança biológica 2/3 e possibilitar a entrega de resultados no período de 10 dias [1]. A introdução do teste no Hospital Internacional de Kampala levou ao aumento das taxas de diagnóstico e tratamento de pacientes com tuberculose e representou um passo para o melhor controle da doença na região.
Para saber mais sobre o MOT, consulte o documento preliminar endossado pelo Strategic and Technical Advisory Group for Tuberculosis (STAG-TB) da Organização Mundial de Saúde.
Outras categorias de contribuições para a medicina também serão contempladas, incluindo o “artigo científico do ano” (para o qual concorrem três ensaios clínicos publicados no Lancet), e “contribuição de carreira - lifetime achievement”. Assentos ainda estão disponíveis, por £228....
Referências
[1] L. Caviedes, T.S. Lee, R.H. Gilman, P. Sheen, E. Spellman, E.H. Lee, et al., Rapid, efficient detection and drug susceptibility testing of Mycobacterium tuberculosis in sputum by microscopic observation of broth cultures. The Tuberculosis Working Group in Peru, J. Clin. Microbiol. 38 (2000) 1203-1208.
domingo, 27 de março de 2011
O Brasil na TV americana
sábado, 26 de março de 2011
A ciência brasileira aparece em reportagem na Veja
Post de Marcia Weber Carneiro (LIP/CPqGM-FIOCRUZ)
A revista Veja desta semana (a que tem o Obama na capa) traz uma reportagem interessante sobre os avanços da ciência brasileira. A matéria apresenta a história de sucesso de diversos cientistas brasileiros, em diferentes áreas, e também, ressalta nosso elogiado progresso: a ISI Web of Knowledge, a base de dados da agência americana Thompson Reuters mostra que, apesar dos investimentos em ciência serem muito baixo tanto pela iniciativa privada quanto pelo governo (representa apenas 1,2% do PIB nacional), o Brasil vem superando suas dificuldades. O número de artigos publicados em revistas de primeira linha aumentou de 64 083 (ano 2000 a 2004) para 118 239 (ano 2005 a 2009). Com isso, a posição do Brasil no ranking de publicações subiu do 17° lugar para o 15°. Além disso, o número de citações de artigos brasileiros por outros cientistas aumentou de 158 609 para 359 213, elevando o posto de 22° para 19° no ranking de citações. Mesmo assim, ainda existem problemas que devem ser solucionados para que a ciência possa avançar com passos maiores. Dentre eles podemos citar maior investimento privado e governamental, além da necessidade em diminuir a sobrecarga fiscal, barreiras alfandegárias e sanitárias sobre produtos importados, o que atrasa ou impossibilita pesquisas nacionais.
A revista também traz uma entrevista com o imunologista Dr. Jorge Kalil, que atualmente assume comando do Instituto Butantan, principal responsável pela produção nacional de vacinas e soros. O Dr. Kalil fala das dificuldades na burocracia do país, onde um produto pode ficar meses retido na alfândega, o que atrasa a obtenção de resultados. Ele também aponta a necessidade de que as pesquisas têm de ser mais competitivas, buscando um foco com aplicações práticas que tenham mais respaldo internacionalmente.
Vale a pena conferir a matéria pois raramente nossa profissão, avanços e dificuldades são apresentados ao público leigo.
sexta-feira, 25 de março de 2011
New Grand Challenges Explorations Topics
The Bill & Melinda Gates Foundation is now accepting grant proposals for Round 7 of Grand Challenges Explorations, an initiative to encourage innovative and unconventional global health solutions. Applicants can be at any experience level; in any discipline; and from any organization, including colleges and universities, government laboratories, research institutions, non-profit organizations and for profit companies.
Grant proposals are being accepted online until May 19, 2011 on the following topics:
* Explore Nutrition for Healthy Growth of Infants and Children
* Apply Synthetic Biology to Global Health Challenges
* The Poliovirus Endgame: Create Innovative Ways to Accelerate, Sustain, and Monitor Eradication
* Create the Next Generation of Sanitation Technologies
* Design New Approaches to Cure HIV Infection
* Create Low-Cost Cell Phone-Based Solutions for Improved Uptake and Coverage of Childhood Vaccinations
Initial grants will be US $100,000 each, and projects showing promise will have the opportunity to receive additional funding of up to US $1 million. Full descriptions of the new topics and application instructions are available at: www.grandchallenges.org/gce/
É HOJE!
quinta-feira, 24 de março de 2011
Escolha de moléculas para ensaios clínicos. Evidência, segurança e bioética
Post de Álvaro Cruz
J. Kimmelman (McGill University, Canada) e A. London (Carneguie Mellon University, EUA) publicaram na PLOS Medicine um editorial muito interessante abordando os dilemas de quem tem a responsabilidade de decidir quais moléculas de potencial terapêutico identificadas em estudos pré-clinicos merecem passar à etapa seguinte de desenvolvimento de fármacos, sendo alvo de estudos clínicos.
Este momento decisivo da pesquisa nem sempre recebe a devida atenção, embora mereça tanto cuidado nos seus aspectos bioéticos quanto na consideração da qualidade das evidências diretas e indiretas disponíveis para informar as decisões, que implicam em potenciais riscos e benefícios.
Os autores comentam: "quando as equipes de pesquisa subestimam a probabilidade de desfechos clínicos favoráveis, eles solapam o sistema de saúde por dificultar a incorporação de inovações. Quando os investigadores superestimam a possibilidade de resultados favoráveis, eles podem expor os voluntários que participam de ensaios clínicos a riscos consideráveis, especialmente em ensaios de fase I, com drogas cujo efeito terapêutico ainda não está comprovado. Em ambos os casos a imprecisão na avaliação dos pesquisadores ameaça a integridade do processo de desenvolvimento científico porque frustra a alocação prudente de recursos para investigação".
Em seu comentário, Kimmelman e London chamam a atenção para a necessidade de rigor científico na análise das informações das fases pré-clinicas de estudo, valorizando metodologia científica rigorosa que assegure validade nos estudos, a busca de evidências adicionais relacionadas a mecanismos de ação, fisiopatologia e experiências prévias análogas em ensaios clínicos, como bases indispensáveis para o exercício da predição sobre quais fármacos merecem investigação em seres humanos.
Nos parece que decisões de tamanha responsabilidade, com seus potenciais riscos e benfícios incalculáveis no plano econômico e da saúde, requerem maior atenção e podem constituir uma oportunidade muito interessante para o exercício de parcerias público-privadas.
Referência:
Kimmelman, J., & London, A. (2011). Predicting Harms and Benefits in Translational Trials: Ethics, Evidence, and Uncertainty PLoS Medicine, 8 (3) DOI: 10.1371/journal.pmed.1001010
24 de março: dia mundial de luta contra a tuberculose
Post de Theolis Bessa
Instituído em 1982, este dia marca o anúncio em Berlin da descoberta do agente etiológico da doença pelo médico e cientista alemão Robert Koch, exatos cem anos antes.
Várias ações para esclacimento da população sobre a tuberculose e divulgação das ações para o combate à doença ocorrem em todo o mundo, com o apoio da Organização Mundial da Saúde e da União Internacional Contra a Tuberculose e Doença Pulmonar.
Em Salvador está ocorrendo a Semana de Intensificação das Ações de Tuberculose, promovida pela Prefeitura de Salvador em parceria com o Fórum Baiano de Combate a Tuberculose, O Comitê Metropolitano, O Programa de Controle da Tuberculose estadual, A Associação Damien do Brasil (que faz parte da aliança Stop TB) e o Instituto Brasileiro para Investigação da Tuberculose - IBIT.
No dia 24, está prevista uma atividade de divulgação na Praça da Piedade, das 09 às 16h, que contará com stands destas instituições. estão previstas atividades nos Distritos Sanitários Boca do Rio, Cabula/Beirú, Cajazeiras, Centro Histórico, 2º Centro de Saúde (Nazaré), 6º Centro de Saúde (Tancredo Neves) e 9º Centro de Saúde. Confira a programação disponível aqui.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Recuperando-se de erros no Pós doc
Post de Lucas Nogueira (UFSC/UCB)
Publicado recentemente na sessão Science Careers do periódico científico Science, o artigo “Recuperando-se de erros no Postdoc” levanta um questionamento interessante sobre erros de postura cometidos por postdocs durante essa fase essencial do treinamento científico. É oportuno ressaltar, entretanto, que existem dois tipos de erros nesse contexto: (i) o erro de entrar no postdoc por pessoas que encaram essa fase como um emprego temporário; (ii) os erros cometidos por pessoas que realmente estão investindo em uma carreira científica somando-se aos erros induzidos pelo próprio sistema. Nesse último aspecto, as Instituições e os investigadores principais (ou os principais responsáveis) são fundamentais. A primeira porque não apresenta programas de aconselhamento ou atividades relacionadas ao desenvolvimento da carreira como workshops sobre como escrever um projeto, falar em público etc; e o segundo porque é produto do próprio sistema: é “produzido” um pesquisador only, ou seja, sem habilidades fundamentais em gestão laboratorial e orientação de estudantes. Dessa forma, o postdoc é visto como um Senior Employee, inclusive no Brasil, não existindo programas específicos de aconselhamento que no final irão promover a formação de PIs com habilidades de gestão, orientação e pesquisa. O artigo contempla a opinião de postdocs e especialistas em educação. Alguns dos principais comentários seguem abaixo:
“O melhor que você pode fazer num postdoc é o que gosta”
“Quano aceitar uma bolsa de postdoc, tenha certeza de que está indo pelas razões certas”
“Eu estava muita entusiasmada sobre a possibilidade de ter um trabalho que não pensei em perguntar como as pessoas no geral se sentiam no laboratório.”
“Alguns ficam muito tempo como postdocs pela falta de plano de carreira” (Elaborar um plano de carreira é fundamental)
“Toda noite quando chegar em casa se pergunte se o que fez durante o dia irá contribuir para o desenvolvimento da sua carreira. Se todo dia a resposta for nada, então você precisa tomar uma atitude”
“Se você se deparar com uma situação insustentável, se pergunte se é do seu interesse ficar no laboratório. Identicar o problema o quanto antes é crucial, pois é melhor perder um ano do que cinco.”
“Escolha o seu orientador com muito cuidado” ( Nesse ponto eu sugiro a criação da carta de recomendação para orientadores, por que não?)
“Os grandes laboratórios podem não ser um bom lugar para o crescimento profissional”.
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terça-feira, 22 de março de 2011
Hora do Planeta
Veja o vídeo oficial do evento.
Sobretudo: participe!
segunda-feira, 21 de março de 2011
Envolvimento da modulação negativa da biossíntese do esterol mediada por interferon na proteção contra vírus
Post de Theolis Bessa
Os esteróis são esteróides com 27 a 29 átomos de carbono, formados por uma cadeia lateral de oito ou mais átomos de carbono (C) no carbono 17 e um grupo álcool ou hidroxila (-OH) no carbono 3. O colesterol e a vitamina D são exemplos de esteróis [1], e vários trabalhos da literatura têm demonstrado a participação de vias associadas a estas moléculas na modulação da inflamação [2,3].
Neste trabalho publicado na PloS Biology [4], os autores destacam a via de efluxo de colesterol mediada pelo transportador ABCA1, que com o transportador ABCG1 é um dos responsáveis pela maior parte do efluxo de colesterol por macrófagos espumosos e cuja atividade é capaz de modular a expressão de citocinas e quimiocinas inflamatórias e a resposta proliferativa de linfócitos [2].A cascata transcricional ativada por esta via é mediada pela molécula LXR alfa, que induzida pela ativação de PPAR gama leva à expressão do transportador ABCA1 [5]. O reconhecimento de patógenos por ligação a receptores do tipo Toll como TLR3 e TLR4 interfere nesta via ao ativar a via do IRF3, bloqueando a indução da expressão de ABCA1 e inibindo o efluxo de colesterol de macrófagos de modo dependente de interferon [6]. Uma proteína igualmente induzida por interferon no contexto da resposta imune antiviral contra o vírus Influenza A e contra o vírus da hepatite C, denominada viperina, age impedindo a formação na membrana plasmática de “balsas lipídicas” ricas em colesterol (lipid rafts) que agem como receptor para a entrada destes vírus na célula hospedeira [7,8].
Utilizando microarranjo e RT-PCR quantitativo, os autores demonstram que os genes associados à biossíntese de esteróides são modulados negativamente em culturas primárias de macrófagos murinos derivados da medula óssea por tratamento com IFN-gama, por tratamento com IFN-beta e por infecção com o citomegalovírus murino (mCMV). Outras citocinas inflamatórias como IL1-beta, TNF e IL-6 não mostraram este efeito. Apesar da modulação observada ter sido modesta para cada gene individualmente, ela foi capaz de induzir diminuição significativa do colesterol intracelular livre nos macrófagos infectados com mCMV. Um resultado interessante obtido pelos autores é o fato de que a inibição farmacológica utilizando simvastatina, um inibidor seletivo da via de produção do colesterol que age especificamente reduzindo os níveis do metabólito intermediário mevalonato, foi capaz de inibir a infecção por mCMV em ensaios de formação de placa e em ensaios de replicação em células vivas, de forma dose-dependente e a níveis comparáveis ao fármaco antiviral “padrão-ouro” Gancyclovir. Além disso, os autores obtiveram redução in vivo dos títulos virais em vários órgãos com o tratamento de camundongos infectados com mCMV com simvastatina.
Utilizando experimentos com camundongos deficientes (knockout), os autores demonstram a participação de interferons do tipo 1, através da sinalização pelo receptor compartilhado IFNAR1, na redução dos níveis de colesterol intracelular em macrófagos de camundongos infectados por mCMV e proteção contra a infecção.
Estes achados ampliam a perspectiva de uso de outras classes de drogas no tratamento de infecções e apontam para a necessidade de se estudar em maior profundidade o papel de vias metabólicas sobre a resposta imune. Vale ressaltar que trabalhos da literatura explorando a infecção por micobactérias mostram o envolvimento da depleção do colesterol intramacrofágico na resposta imune contra os bacilos [9].
Referências
[1] Esterol – Wikipédia, a enciclopédia livre, ([s.d.]).
[2] L. Yvan-Charvet, N. Wang, A.R. Tall, Role of HDL, ABCA1, and ABCG1 transporters in cholesterol efflux and immune responses, Arterioscler. Thromb. Vasc. Biol. 30 (2010) 139-143.
[3] M.L. Castellani, Y.B. Shaik-Dasthagirisaheb, D. Tripodi, A. Anogeianaki, P. Felaco, E. Toniato, et al., Interrelationship between vitamins and cytokines in immunity, J. Biol. Regul. Homeost. Agents. 24 (2010) 385-390.
[4] Blanc, M., Hsieh, W., Robertson, K., Watterson, S., Shui, G., Lacaze, P., Khondoker, M., Dickinson, P., Sing, G., Rodríguez-Martín, S., Phelan, P., Forster, T., Strobl, B., Müller, M., Riemersma, R., Osborne, T., Wenk, M., Angulo, A., & Ghazal, P. (2011). Host Defense against Viral Infection Involves Interferon Mediated Down-Regulation of Sterol Biosynthesis PLoS Biology, 9 (3) DOI: 10.1371/journal.pbio.1000598
[5] A. Chawla, W.A. Boisvert, C.H. Lee, B.A. Laffitte, Y. Barak, S.B. Joseph, et al., A PPAR gamma-LXR-ABCA1 pathway in macrophages is involved in cholesterol efflux and atherogenesis, Mol. Cell. 7 (2001) 161-171.
[6] A. Castrillo, S.B. Joseph, S.A. Vaidya, M. Haberland, A.M. Fogelman, G. Cheng, et al., Crosstalk between LXR and toll-like receptor signaling mediates bacterial and viral antagonism of cholesterol metabolism, Mol. Cell. 12 (2003) 805-816.
[7] X. Wang, E.R. Hinson, P. Cresswell, The interferon-inducible protein viperin inhibits influenza virus release by perturbing lipid rafts, Cell Host Microbe. 2 (2007) 96-105.
[8] E.R. Hinson, P. Cresswell, The antiviral protein, viperin, localizes to lipid droplets via its N-terminal amphipathic alpha-helix, Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 106 (2009) 20452-20457.
[9] C. de Chastellier, L. Thilo, Cholesterol depletion in Mycobacterium avium-infected macrophages overcomes the block in phagosome maturation and leads to the reversible sequestration of viable mycobacteria in phagolysosome-derived autophagic vacuoles, Cell. Microbiol. 8 (2006) 242-256.
sábado, 19 de março de 2011
Participação de bombas de efluxo de drogas da micobactéria induzidas durante a infecção do macrófago na tolerância a fármacos
Post de Theolis Bessa
A resistência a fármacos tuberculostáticos é um dos grandes problemas que se enfrenta atualmente para o controle da tuberculose. Indivíduos com tuberculose resistente a fármacos estão sujeitos à falha do tratamento, ausência de negativação do escarro (o que implica no contínuo risco de transmissão) e doença mais grave, havendo a necessidade de substituição do esquema usual de tratamento por esquemas com fármacos mais agressivos e menos específicos contra o bacilo.
A vigilância para a resistência a fármacos é realizada através do cultivo dos bacilos isolados de amostras biológicas em meios contendo as drogas utilizadas no tratamento usual (drogas de primeira linha, como a isoniazida, inh, e a rifampicina, rif) ou alternativo (drogas de segunda linha, como a moxifloxacina, mox) para a tuberculose. São considerados bacilos sensíveis aqueles que não conseguem formar colônias em meio sólido ou líquido contendo concentrações definidas das drogas de interesse, e/ou que não possuam mutações já associadas à resistência a fármacos verificáveis em ensaios de amplificação de ácidos nucleicos (NAATs) [1].
Neste artigo [2], utilizando o modelo de infecção de zebrafish com Mycobacterium marinum, os autores investigam a persistência de bacilos durante o tratamento com as drogas tuberculostáticas utilizando dois regimes, monoterapia com inh e inh combinada com rif. O modelo de infecção de larvas de zebrafish reproduz o modelo humano, já que durante o tratamento bactérias persistentes podem ser evidenciadas em macrófagos infectados situados dentro e fora de granulomas, e os granulomas individuais apresentam progressão distinta, com lesões em resolução coexistindo com lesões em progressão apesar de em geral haver redução da carga bacilar. Macrófagos egressos de granulomas em resolução têm a capacidade de estabelecer novos sítios de lesão, mesmo durante o tratamento, e as bactérias em seu interior apresentam-se metabolicamente ativas, como demonstrado por ensaio utilizando bactérias fluorescentes transformadas com o gene para produção da proteína Kaede, que podem ser induzidas a mudar de cor por fotoativação.
Os autores investigam então o mecanismo de surgimento desta tolerância sob tratamento com fármacos em estágios tão iniciais da infecção. Eles demonstram que a residência intramacrofágica induz o aumento da tolerância in vitro de M. marinum e M. tuberculosis simultaneamente à inh, à rif e a mox, comparando a sobrevivência a estes fármacos de micobactérias mantidas por 2h e por 96h no interior de macrófagos, tanto por tratamento das culturas de macrófagos como por tratamento direto das bactérias após a lise das células hospedeiras. As micobactérias retêm a tolerância às drogas mesmo mantidas por até 120h após a lise dos macrófagos. Neste sistema a aceleração da multiplicação de M. mariunum por adição de dexametasona aumentou ainda mais a população de bactérias resistentes. Por outro lado, a marcação de micobactérias em divisão com o plasmídio instável pBP10 mostrou não haver desaceleração do crescimento micobacteriano durante a infecção por 96h. Além disso, as populações micobacterianas que não retiveram o plasmídeo (evidência de pelo menos 1 ciclo de replicação, fig. D) tinham proporção aumentada de organismos tolerantes aos fármacos, sugerindo que, ao contrário do pensamento corrente, o surgimento da resistência não está associado a populações quiescentes do bacilo.
Finalmente, os autores demonstram o papel da indução de bombas de efluxo de drogas nos bacilos durante a residência intramacrofágica na tolerância a múltiplas drogas observada nos experimentos descritos. Eles demonstram que o uso de inibidores de bombas de efluxo de drogas (verapamil e reserpina), já demonstrados em humanos como capazes de aumentar a atividade de fármacos no tratamento contra a tuberculose resistente a drogas, é capaz de reduzir a tolerância elicitada tanto em M. marinum como em M. tuberculosis durante a infecção de macrófagos. O tratamento de macrófagos infectados com verapamil também é capaz de reduzir o crescimento dos bacilos (fig. F). Os autores implicam a bomba de efluxo de drogas MtbRv1258c como uma das moléculas que mediam este fenômeno, utilizando bactérias com inserções de transposons em diferentes pontos da sequência Rv1258c.
Os achados descritos não só adicionam conhecimento sobre os mecanismos de geração de tolerância às drogas tuberculostáticas, mas também abrem a perspectiva de uso de novas classes de drogas como auxiliares no tratamento da tuberculose e prevenção da resistência.
D: M. marinum com o plasmídeo instável pBP10 foram utilizados para infectar macrófagos. Os macrófagos hospedeiros foram lisados após 96h e foram então tratados por mais 48h com INH 174 mM, RIF 1.21 mM, MOX 7.48 mM, ou deixados sem tratamento. O número de CFUs de bacilos totais e de bacilos resistentes à kanamicina (KanR que mantiveram o plasmídeo) foi determinado por contagem e o número deCFUs de bacilos sensíveis foi deduzido por subtração. As barras de erro representam o desvio-padrão da média e os valores de p foram detrminados utilizando teste t de Student.
F: Células THP-1 foram infectadas com M. marinum por 48h antes da adição de 0 (UNT), 40.7, ou 81.4 mM de verapamil por mais 48h. p<0.001 utilizando one-way ANOVA com pós-teste de Dunnett, comparando cada grupo tratado com o grupo não tratado após 48h de tratamento com verapamil.
Referências:
[1] Centers for Disease Control and Prevention, Controlling Tuberculosis in the United States: Recommendations from the American Thoracic Society, CDC, and the Infectious Diseases Society of America, MMWR Morb. Mortal. Wkly. Rep. 54 (2005) 1-81.
[2] Adams, K., Takaki, K., Connolly, L., Wiedenhoft, H., Winglee, K., Humbert, O., Edelstein, P., Cosma, C., & Ramakrishnan, L. (2011). Drug Tolerance in Replicating Mycobacteria Mediated by a Macrophage-Induced Efflux Mechanism Cell DOI: 10.1016/j.cell.2011.02.022
sexta-feira, 18 de março de 2011
Proinflammatory Clearance of Apoptotic Neutrophils Induces an IL-12low IL-10high Regulatory Phenotype in Macrophages
Macrófagos podem ter fenótipos polarizados a depender do estímulo do ambiente e, assim, exercem papéis distintos nas doenças parasitárias e inflamatórias. Macrófagos classicamente ativados ou M1, são induzidos por IFN-g, apresentam um fenótipo IL-12high, IL-10low, produzem citocinas inflamatórias e participam na resposta Th1. Em contrapartida, macrófagos M2a, são induzidos por citocinas Th2 como IL-4 e IL-13, possuem fenótipo IL-12low, IL-10high, expressam altos níveis de manose e receptores scavenger e produzem ornitina e poliaminas via arginase. Macrófagos M2a participam nas respostas Th2 e expressam funções imunoreguladoras. Uma terceira população de MØs, chamada reguladora ou M2b, é induzida pela ligação do Fc, complemento, ou receptores scavenger. Esse outro fenótipo é IL12lowIL-10high, contudo, produz TNF-a e óxido nítrico (NO), tem baixa atividade de arginase e induz diferenciação em células Th2. Além disso, MØs reguladores apresentam alta expressão de LIGTH/TNF superfamily (TNFSF). Assim, este trabalho visa investigar evidências funcionais e bioquímicas no estabelecimento do fenótipo dos MØs induzido pela eferocitose de PMNs.
Para avaliar o papel da elastase neutrofílica (NE) na diferenciação de MØs, o mesmo ensaio foi repetido cultivando-se MØs com PMNs apoptóticos e um inibidor da NE, sendo observada uma diminuição da produção de IL-10 e NO. Ao cultivar MØs com PMNs apoptóticos e um mAb anti-TLR4, seguido do desafio com LPS, foi vista uma diminuição da secreção de IL-10. Todavia, a secreção de NO não foi bloqueada pelo anti-TLR4, sugerindo que a NE induz diferenciação dos MØs de forma dependente e independente de TLR4. Além disso, BMDMs cultivadas com PMNs apoptóticos expressaram um aumento de LIGTH e SPHK1, característico de MØs reguladores/M2b. Para investigar se MØs reguladores induzem resposta Th2, BMDMs primados com IFN-g foram cultivados com PMNs apoptóticos e, posteriormente, foram cultivados com células T CD4+. Após avaliação de produção de citocinas por ELISA, foi vista uma menor produção de IFN-g e, em maior quantidade, produção de IL-10 e IL-4. Portanto, esses resultados demonstram que MØs reguladores induzem uma resposta Th2 pelas células T CD4+.
Na literatura, já foi demonstrado que eferocitose neutrofílica induz uma resposta pro-inflamatória em macrófagos de B6, resultando na morte da L. major. No intuito de verificar se os resultados obtidos após desafio com LPS se reproduziriam na infecção por L. major, BMDMs foram primados com IFN-g, infectados com L. major e; i) cultivados com PMNs apoptóticos ou ii) primeiramente cultivados com PMNs apoptóticos e depois infectados com L. major. Em BMDMs que foram primeiramente infectadas, o número de parasitas foi menor, mesmo com posterior adição de PMNs apoptóticos. Entretanto, os MØs que inicialmente receberam PMNs apoptóticos e foram posteriormente infectados apresentaram uma maior carga parasitária. Por último, foram desenvolvidos estudos in vitro, onde os animais que receberam L. major na pata juntamente com PMNs apoptóticos tiveram uma carga parasitária menor, enquanto que os animais pré-tratados com PMNs apoptóticos e, 3 dias depois, infectados com L. major, apresentaram um maior número de parasitas. Assim, estudos in vitro e in vivo sugerem que os efeitos da eferocitose, diferenciando macrófagos em reguladores, tornam o hospedeiro permissivo à infecção por L. major.
Portanto, podemos concluir que a eferocitose neutrofílica além de executar um papel na resolução da inflamação, pode contribuir para a persistência parasitária através da indução de um fenótipo regulador dos macrófagos.
Filardy, A., Pires, D., Nunes, M., Takiya, C., Freire-de-Lima, C., Ribeiro-Gomes, F., & DosReis, G. (2010). Proinflammatory Clearance of Apoptotic Neutrophils Induces an IL-12lowIL-10high Regulatory Phenotype in Macrophages The Journal of Immunology, 185 (4), 2044-2050 DOI: 10.4049/jimmunol.1000017
Artesumato ou quinina para tratamento da malária grave?
quarta-feira, 16 de março de 2011
Poster Pains
Fonte: Naturally Selected
terça-feira, 15 de março de 2011
Top 7 in Immunology - Março
Estes são os artigos que estão no topo do ranking em imunologia, na F1000, em 8 de março. O ranking é calculado a cada 30 dias por membros do F100 que lêem e classificam os papers mais importantes da sua área.
Atenção para o paper #1 (Victora et al.), que passou de #5, em fevereiro, para #1 em março. Brasil!!!!
1. Tracking B-cell movement
By applying GFP technology in a new way, authors tracked B-cell maturation in the lymph nodes as the cells move from an area of rapid proliferation to an area where B cells that produce the best antibodies are selected, and back again, and found an essential role of T helper cells in this transition.
G.D. Victora et al., "Germinal center dynamics revealed by multiphoton microscopy with a photoactivatable fluorescent reporter," Cell, 143:592-605, 2010. Evaluated by Jacques Deguine and Philippe Bousso, Inst Pasteur, France; Yinan Wang and Deepta Bhattacharya, Washington Univ in St. Louis; Naomi Harwood and Facundo Batista, London Res Inst, Cancer Res UK; Kai-Michael Toellner, Univ Birmingham, UK.
2. Worm infections
The first naturally occurring virus infection in C. elegans provides researchers with a genetically tractable model for studying virus-host interactions, innate immunity and the evolution of small RNA viral defenses.
M.A. F?lix et al., "Natural and experimental infection of caenorhabditis nematodes by novel viruses related to nodaviruses," PLoS Biol, 9:e1000586, 2011. Evaluated by Benjamin Podbilewicz, Technion- Israel Inst of Tech, Israel; Jean-Luc Imler, Univ de Strasbourg, France; Morris F Maduro, Univ California Riverside.
3. Immune battle by suicide
Macrophages infected with Salmonella have an unusual way of killing the pathogen -- they initiate cell suicide, releasing the bacteria, along with inflammatory cytokines, into the extracellular matrix where neutrophils and other immune cells attack them.
E.A.Miao et al., "Caspase-1-induced pyroptosis is an innate immune effector mechanism against intracellular bacteria," Nat Immunol, 11:1136-42, 2010. Evaluated by Sun Mi Choi and Jay Kolls, Lousianna State Univ Health Sci Cen; Volker Briken and David Mosser, Univ of Maryland; Jordan Wesolowski and Fabienne Paumet, Jefferson Medical College; Sebastian Winter and Andreas Baumler, Univ of California, Davis; Nobuhiko Kayagaki, Kim Newton and Vishva Dixit, Genentech. Free F1000 Evaluation
4.Identifying the unknown
Researchers present a novel method for identifying antibody biomarkers for diseases without known antigens. The technique, which involves searching for antibodies that bind to various synthetic molecules, may prove useful for identifying diagnostic markers in a wide variety of diseases.
M.M. Reddy, et al., "Identification of candidate IgG biomarkers for Alzheimer's disease via combinatorial library screening," Cell, 144:132-42, 2011. Evaluated by Angela Vincent, John Radcliffe Hosp, Univ Oxford; Robert Powers, University of Nebraska; Soumitra Ghosh and Kavita Shah, Purdue Univ; Ivan Gerling, Univ Tennessee Health Sci Cen; David Holtzman, Wash Univ School of Med.
5. Mitochondria cause inflammation
Innate immune receptors that initiate inflammation in response to bacterial fragments also appear to respond to mitochondrial DNA, which is released into the blood during tissue injury -- an observation possibly linked to the organelle's bacterial origins -- could explain the whole-body inflammation that occurs when mitochondria-rich organs like the heart are damaged.
Q. Zhang et al., "Circulating mitochondrial DAMPs cause inflammatory responses to injury," Nature, 464:104-7, 2010. Evaluated by Ramzi Fattouh and John Brumell, The Hosp for Sick Children, Canada; Robert Sapolsky, Stanford Univ; Tullio Pozzan, Univ of Padova, Italy; Andrew S Neish, Emory Univ Sch Med; Rajarshi Mukherjee and David Criddle, Liverpool Univ, UK; George Hasko, Univ Med and Dentistry of New Jersey.
6. IL-7 jump starts inflammation
While the body often stops responding to chronic viral infections, interleukin 7 (IL-7) can rejuvenate the immune system by activating the cytokine signaling that is repressed by the a genetic switch SOCS3, and by increasing the production of IL-22, a cytokine that protects organs like the liver and gut from damage, suggesting IL-7 may be useful in anti-viral therapies for chronic infections like HIV.
M. Pellegrini et al., "IL-7 Engages Multiple Mechanisms to Overcome Chronic Viral Infection and Limit Organ Pathology," Cell, 144:601-13, 2011. Evaluated by Raphaelle Parker and Irini Sereti, NIAID; Tobias Boettler and Matthias von Herrath, La Jolla Inst for Allergy and Immunology; Barry Rouse, Univ Tennessee.
7. Basophils not so necessary
Despite the importance of basophils, a type of white blood cell, in protecting the body against parasitic worms and chronic allergic inflammation, researchers have found that T helper cells can respond effectively to allergens and worms without activation by basophils.
Leia mais: Top 7 in immunology - The Scientist - Magazine of the Life Sciences
segunda-feira, 14 de março de 2011
IL-27 and IL-21 are associated with T cell IL-10 responses in human visceral leishmaniasis
Post de Natália Machado
A IL-10 é uma citocina conhecidamente reguladora, com efeitos imunossupressores. Embora também tenha efeito homeostático, limitando a lesão tecidual, o controle da infecção por Leishmania pode ser comprometido. O papel da IL-10 na leishmaniose visceral (LV) humana tem sido demonstrado. Células T reguladoras ou Tr1 produtoras de IL-10 são importantes na supressão da imunidade leishmanicida na LV humana.
A IL-27, produzida principalmente por células da imunidade inata como macrófagos e células dendriticas, tem sido relatada como central na regulação da produção de IL-10 por células T. Além disso, foi demonstrado em camundongos que IL-21 amplifica a expressão de IL-10 em células T induzida por IL-27 (Pot et al., 2009). Este trabalho foi realizado com o objetivo de determinar a fonte celular de IL-27 e IL-21, seus papeis na regulação da produção de IL-10 por células T e na patogênese da LV.
Inicialmente os autores relatam aumento nos níveis circulantes de IL-27, IL-10 e IFN-γ nos plasmas de pacientes antes do tratamento. A expressão do mRNA dessas citocinas também foi avaliada por PCR em tempo real nos aspirados esplênicos dos pacientes. O aumento de IL-10 e IFN-γ foi confirmado nas amostras antes do tratamento. Com relação a IL-27, suas subunidades também apresentaram níveis elevados de expressão. Envolvidos na regulação da IL-27, a expressão do mRNA de IRF-1 e IL-1β também estavam aumentados nos aspirados dos pacientes pré-tratamento.
A IL-27 tem papel inibidor no desenvolvimento da linhagem Th17 em camundongos, que tem sido relatada na proteção contra LV humana (Pitta et al., 2009). A analise dos níveis de expressão de RORγT e IL-17 não revelou diferença entre grupos antes e depois do tratamento. No entanto, os níveis de mRNA de IL-21 estavam significativamente aumentados nas amostras do pacientes pré-tratamento.
Com o objetivo de determinar a fonte celular de tais citocinas, os aspirados esplênicos foram submetidos à separação magnética para CD19+, CD3+ e CD14+. Em seguida, a analise dos transcritos por RT-PCR demonstrou aumento da expressão de IL-27 na população enriquecida de macrófagos e células dendriticas. Em contrapartida, a principal fonte de IL-21 e IL-10 foi a população CD3+.
Em seguida, para determinar se amastigotas de L. donovani e/ou citocinas pro-inflamatórias (IFN-γ, TNF-α ou IL-1β), aumentadas na LV, têm papel na indução da IL-27, macrófagos de doadores sadios foram tratados com IFN-γ, TNF-α, IL-1β, sua combinação ou meio por 8 horas antes da infecção. Após 16 horas de cultura, as células foram lizadas para analise da expressão de mRNA. Os resultados demonstraram indução de IL-27 na presença de IFN-γ. TNF-α e L. donovani não tiveram efeito. IL-1β aumentou significativamente a expressão de IL-27 e teve efeito sinérgico com IFN-γ. Portanto, as condições adequadas para o aumento da IL-27 estão presentes no baço da LV.
Por fim, para avaliar o papel na indução de IL-10, sangue total de pacientes e controles endêmicos foi cultivado na presença de IL-27 e IL-21 recombinantes. Após estimulação com antígeno, foi detectada produção de IFN-γ e IL-10 nas amostras dos pacientes. Na presença de IL-21 recombinante também houve produção de IL-10, o que não aconteceu na presença de IL-27 recombinante.
Diante destes resultados, os autores concluem que a IL-27 produzida por macrófagos, junto com a IL-21 de células T, são citocinas promotoras de doença na LV, devido aos seus papeis na diferenciação e expansão de células T produtoras de IL-10 antigeno-especificas. Portanto, a IL-27 seria uma citocina chave envolvida na regulação do balanço entre imunidade e patologia na LV humana.
Referências:
Ansari, N., Kumar, R., Gautam, S., Nylén, S., Singh, O., Sundar, S., & Sacks, D. (2011). IL-27 and IL-21 are associated with T cell IL-10 responses in human visceral leishmaniasis The Journal of Immunology : 10.4049/jimmunol.1003588
Cutting edge: IL-27 induces the transcription factor c-Maf, cytokine IL-21, and the costimulatory receptor ICOS that coordinately act together to promote differentiation of IL-10 producing Tr1 cells. 2009. Pot, C.; Jin, H.; Awasthi, A.; Liu, S.; Lai, C.; Madan, R.; Sharpe, A.; Karp, C.; Miaw, S.; Ho, I.; Kuchroo, V. J. Immunol. 183: 797-801.
IL-17 and IL-22 are associated with protection against human kala azar caused by Leishmania donovani. 2009. Pitta, M.; Romano, A.; Cabantous, S.; Henri, S.; Hammad, A.; Kouriba, B.; Argiro, L.; Kheir, M.; Bucheton, B. J. Clin. Invest. 119: 2379-2387.
domingo, 13 de março de 2011
III São Paulo Advanced Immunology Graduate Course
sábado, 12 de março de 2011
Diferenças estruturais e funcionais entre células T gama-delta do tecido cutâneo
A pele representa um mecanismo de defesa importante contra agressões microbianas e ambientais. Entre as células da resposta imune inata local, as células T gama-delta de sítios vizinhos na pele podem apresentar diferenças significativas. Essa especialização micro-compartimental da resposta imune na pele foi descrita pelo grupo de Weninger no JEM (fevereiro de 2011), analisando células T gama-delta de camundongos B6.
As células T gama-delta da epiderme e da derme exibem perfil fenotípico, necessidades de microambiente de citocinas e comportamento migratório distintos. Enquanto na epiderme as células T gama-delta expressam exclusivamente o receptor de célula T V5+, na derme foi encontrada uma população heterogênea de células T gama-delta V5+ou T V4+, o que sugere que essas últimas são capazes de responder a um espectro mais diverso de antígenos. A população de células T gama-delta na derme tem capacidade proliferativa local, é radioresistente e desenvolve-se na presença de IL-7. Além disso, as células T gama-delta da derme participam da indução da resposta imune específica a antígenos inoculados por via intradérmica. Elas regulam a resposta das células TCD4+ à infecção por BCG e secretam IL-17, induzindo o recrutamento de neutrófilos para o sítio de infecção. Essa capacidade de produzir IL-17 não foi identificada nas células T gama-delta da epiderme.
Os achados são reflexo da variedade e complexidade da resposta imune cutânea e do grau de especialização das células nos diferentes compartimentos. Já foi demonstrado em modelos de vacina que a variação na via de administração de antígenos na pele – intradérmica ou subcutânea- afeta de forma intensa a cinética e a magnitude da resposta Th1 (Mohanan et al., 2010). É possível que diferenças funcionais entre células fenotipicamente semelhantes na pele, como as descritas pelo grupo de Weninger, contribuam para a variação da resposta imune em sítios anatomicamente tão próximos.
Outro ponto interessante é a demonstração de que são as células T gama-delta da derme (e não as T alfa-beta) as principais produtoras de IL-17 após infecção com BCG. As células T gama-delta também estão entre as principais fontes de IL-17 na infecção experimental por M. tuberculosis por via inalatória (Lockhart et al, 2006). Tanto na pele quanto na mucosa essas células atuam como primeira linha de defesa contra essa bactéria, influenciando na resposta celular subsequente. Os autores demonstram que estas células antecedem a sensibilização de células Th1 produtoras de IFN-gama no pulmão, fornecendo mecanismos de defesa até o desenvolvimento da resposta protetora. Na infecção cutânea por BCG, recrutam neutrófilos que fagocitam e transportam as bactérias até os linfonodos, onde devem ativar resposta imune específica.
Figure: Neutrophil recruitment to the site of BCG infection is compromised in the absence of IL- 7-producing gamma-delta T cells.
Referências:
Sumaria, N., Roediger, B., Ng, L., Qin, J., Pinto, R., Cavanagh, L., Shklovskaya, E., Fazekas de St. Groth, B., Triccas, J., & Weninger, W. (2011). Cutaneous immunosurveillance by self-renewing dermal gamma-delta T cells Journal of Experimental Medicine DOI: 10.1084/jem.20101824
Mohanan D, Slütter B, Henriksen-Lacey M, Jiskoot W, Bouwstra JA, Perrie Y, Kündig TM, Gander B, Johansen P. Administration routes affect the quality of immune responses: A cross-sectional evaluation of particulate antigen-delivery systems. J Control Release, 2010 Nov 1;147(3):342-9. Epub 2010 Aug 18.
Lockhart E, Green AM, Flynn JL. IL-17 production is dominated by gammadelta T cells rather than CD4 T cells during Mycobacterium tuberculosis infection. J Immunol., 2006 Oct 1;177(7):4662-9.
sexta-feira, 11 de março de 2011
The protective effect against Leishmania infection conferred by sand fly bites is limited to short-term exposure
Rohoušová, I., Hostomská, J., Vlková, M., Kobets, T., Lipoldová, M., & Volf, P. (2011). The protective effect against Leishmania infection conferred by sand fly bites is limited to short-term exposure International Journal for Parasitology DOI: 10.1016/j.ijpara.2011.01.003
Post de Diego Moura-Santos, LIP/CPqGM-FIOCRUZ