segunda-feira, 29 de março de 2010

Efeitos adversos baseados em relato de paciente ou impressão dos médicos?



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Você sabe que os efeitos adversos listados nas bulas dos remédios é baseada na impressão dos médicos sobre os sintomas dos pacientes e não nos relatos dos próprios pacientes? Se não, você precisa ler o Perspective do New England Journal of Medicine, de 11 de março, The Missing Voice of Patients in Drug-Safety Reporting.
Se são sintomas não são observáveis pelos médicos. Se fossem passíveis de observação, seriam sinais. Os sintomas são expressos pelos pacientes, como então as informações das bulas são obtidas das impressões dos pacientes?
Não haveria problema se as duas medidas concordassem. O problema indicado pelo artigo do NEJM é que não há concordância nas duas medidas. O gráfico acima, retirado do artigo, dá uma indicação do grau de discordância em sete aspectos. 
Algumas vezes o médico pode ter a impressão que os pacientes estão super-estimando as suas reações e sintomas. Neste caso o filtro do médico poderia ser importante. Contudo, como estabelecer o grau de “filtro” que o médico pode estabelecer? A informação do médico pode, também, estar influenciada pelo grau de confiança que ele tem na droga testada, por exemplo, e estabelecer um viés. E, ainda pior, não podemos esquecer que estes relatos médicos são feitos em ensaios clínicos largamente financiados pela indústria farmacêutica.  
Considerando os exemplos recentes de problemas de informações médicas influenciadas indevidamente pela indústria de medicamentos, como relatado recentemente neste blog, é recomendável tomar bastante cuidado. Não deixe de ler o artigo. 

Basch, E. (2010). The Missing Voice of Patients in Drug-Safety Reporting New England Journal of Medicine, 362 (10), 865-869 DOI: 10.1056/NEJMp0911494

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