Um dos grandes problemas de aderência ao tratamento é a sua duração. Quanto mais prolongado o tratamento, maior a probabilidade de abandono. Há vários outros fatores que influenciam. A via de administração, o desconforto, os efeitos colaterais etc., mas a duração é fundamental. Assim, é bastante promissora a publicação recente de autores indianos em colaboração com Murray: Single-Dose Liposomal Amphotericin B for Visceral Leishmaniasis in India (N Engl J Med 2010;362:504-12).
Os autores fizeram um estudo aberto com 412 pacientes de leishmaniose visceral tratando, numa proporção de 3:1 com anfotericina B lipossomal ou deoxicolato de anfotericina. Os pacientes alocados ao tratamento com anfotericina lipossomal receberam 10 mg/kg de peso em dose única e tiveram alta 24 horas depois. Já a anfotericina tradicional foi administrada em 15 infusões de 1 mg/kg de peso em dias alternados, durante uma hospitalização de 29 dias. A taxa de cura foi avaliada 6 meses após o tratamento.
“A total of 410 patients — 304 of 304 patients (100%) in the liposomal-therapy group and 106 of 108 patients (98%) in the conventional-therapy group — had apparent cure responses at day 30. Cure rates at 6 months were similar in the two groups: 95.7% (95% confidence interval [CI], 93.4 to 97.9) in the liposomal-therapy group and 96.3% (95% CI, 92.6 to 99.9) in the conventional-therapy group. Adverse events in the liposomal-therapy group were infusion-related fever or rigors (in 40%) and in- creased anemia or thrombocytopenia (in 2%); such events in the conventional-therapy group were fever or rigors (in 64%), increased anemia (in 19%), and hypokalemia (in 2%). Nephrotoxicity or hepatotoxicity developed in no more than 1% of patients in each group.”
Os autores concluem que tratamento com anfotericina lipossomal em dose única foi tão eficaz quanto o tratamento com deoxicolato de anfotericina durante 1 mês e teve menor custo.
Sundar, S., Chakravarty, J., Agarwal, D., Rai, M., & Murray, H. (2010). Single-Dose Liposomal Amphotericin B for Visceral Leishmaniasis in India New England Journal of Medicine, 362 (6), 504-512 DOI: 10.1056/NEJMoa0903627
Muito interessante. Inclusive pelo fato de que as RAMs surgem com menor intensidade se comparado ao tratamento convencional.
ResponderExcluirparabens pelas postagens, Professor!
Sempre enriquecedoras!
um exemplo a seguir.
Prezados Barral/J. Costa/Aldina:
ResponderExcluirNão se deveria ter um pouco de cautela com um acompanhamento de apenas 6 meses pós-tratamento?
Abços, André.