quinta-feira, 4 de março de 2010

Um cientista precisa mesmo de doutorado?

Até o momento parecia óbvio que o modelo ocidental de formação científica era o ideal, o que inclui o doutorado e com freqüência o pós-doutorado.
Os japoneses já não seguiam o modelo de forma completa, o que certa forma constitui o modelo das "universidades de empresas" e agora os chineses adotam formas muito mais livres.
Na Nature este assunto é comentado hoje:
"Perhaps the most extreme example of this approach is at the BGI in Shenzen, China — the genomic-sequencing juggernaut formerly known as the Beijing Genomics Institute (see page 22). Some 500 Chinese university students have already signed up to join the BGI after they graduate this summer. There they will help to piece together DNA data from an expanding set of sequences for microbes, plants and animals. The students will join a cohort of young bioinformaticians who get their data from the most advanced sequencing equipment, process them on what will soon be one of the world's fastest computers, collaborate with international leaders of their respective fields, publish — as first authors — in premier international journals, attend conferences and accept interviews."  Editorial completo.
É imperioso pensar sobre o nosso modelo de formação científica. Ainda adicionamos o nível de Mestrado ao já longo modelo americano. Outro aspecto a refletir, também alongado em relação ao modelo americano, é a exigência de doutorado para os médicos. Não há formas mais eficientes de formação de pesquisadores médicos?

6 comentários:

  1. Esse me parece ser um meio de fazer iniciação cientifica em massa, para pescar a minoria e ter/formar mao de obra de tecnicos/tecnologos...Mesmo lá, os lideres de grupos são formados com doutorado e fazem longos posdocs no ocidente.
    Exigencia do mestrado no Brasil, acho que eh caso a caso, o q fazer com alguem sem nenhuma experiencia de lab anterior e com formação em istituição deficiente?
    Medicos e PhD...Na verdade os PhDs dos clínicos correspondem mais a fellowships de epecialidades americanos.
    Aqui o PhD é o corte para pedir grants. Será desnecessário num pais tao heterogeneo como o nosso?

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  2. Acredito que todo o modelo deve ser reavaliado. Na Inglaterra, onde vivo, todo mundo tem doutorado e pos-doutorado. 'E um absurdo. Hoje para se conseguir um emprego tecnico aqui os jovens tem de ter PhD. Pra que, meu Deus? O Brasil segue o mesmo caminho. Os programas de mestrado e doutorado deveriam servir apenas para os que realmente procuram seguir a carreira de pesquisadores academicos. No Brasil as universidades exigem mestrado (no minimo) para ser professor, na esperanca que estes profissionais elevem o nivel das pesquisas nas instituicoes. Mas o que acontece 'e um dumb down destas qualificacoes, com mestrados ruins que servem apenas para conseguir o titulo. Nunca se publicou tanto e nunca estas pesquisas foram tao irrelevantes. Pedantismo e repeticao em todos os lugares. Quanto as demais profissoes, a formacao tecnica ainda 'e importante e deveria voltar a ser valorizada. Nao ha necessidade do pessoal de suporte (tecnicos de laboratorio, computacao) terem PhD. Nao faz sentido...

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  3. Certa vez ouvi de um professor na Pos Graduação o Brasil produz Ciência ingênua, pois pesquisamos com finalidade de papers, não tentamos novas tecnologias, não tentamos patentes e perdemos grandes possibilidades. A necessidade de formação de doutores esta somente na titulação? No rank Cappes? Ou na real necessidade? E os gênios da ciência que nascem todos os dias e não tem condições de obtenção de seus títulos de doutores?
    A titulação é somente um titulo, na pratica as características pessoais é o que faz a diferença, independente de ser mestre ou doutor. Agora o preparo vem de berço, terminar a graduação para falar sou medico, ou sou biomédico, não faz a diferença, mas terminar a graduação e mostrar que produziu algo sim. E as oportunidades de se fazer uma iniciação já é bem complexa, já que o score é mais levado a serio que a capacidade.

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  4. Eu concordo com o Edecio quando diz que ai no Brasil o PhD serve para pedir grants. Mas...Porque 'e preciso PhD para pedir grants? Costumamos ver 'e um montao de PhD incompetentes, desesperados para conseguir emprego mediocre qualquer. Essa busca pelo titulo gera isso. O numero de doutores aumenta sim, mas pra isso fazer a diferenca verdadeiramente, 'e preciso seriedade. Ter PhD passou a ser tao banal no Brasil que qualuer pessoa pode ter. Dessa maneira, s'o ter PhD nao 'e mais suficiente para as Universidades. Se formos continuar com essa tendencia, precisaremos inventar mais titulos...e cair na conjuntura que a Vanessa e o Anonimo ai de cima referiram.

    Alias, mudando de assunto, assim como sou a favor da divulgacao dos nomes dos revisores das revistas cientificas no processo de peer review, tambem sou a favor da divulgacao dos nomes nos comentarios no Blog rrsrsrs.

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  5. Para a formação de um líder em pesquisa, o sistema de doutorado me parece muito adequado.
    Fazer pesquisa com uma pespectiva acadêmica é uma boa forma de aprender ciência. Daí a importância inquestionável dos programas.
    Por outro lado, concordo com a tendência a banalização na obtenção do título. Percebo muitas vezes que se o indivíduo entrar no programa, provavelmente sairá com seu título, no matter what. Acho que o cara tem que mostrar serviço para se tornar um PhD. Tem que demonstrar evolução científica e filosófica no processo. Isso evita a banalização do sistema.
    Neste sentido, concordo que nem todos precisam ter PhD, mas aqueles potenciais líderes em pesquisa devem sim passar por este processo.
    Não é só a obtenção do título, é o processo de amadurecimento e formação.
    Devemos também lembrar que graças aos programas de doutorado o Brasil tem aumentado sua produção científica. Esta é uma evidência do benefício destes programas.

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  6. Vale a pena ler o post: Are they scientists?
    http://bit.ly/bEIqlM

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