Artigo do Valor Econômico reproduzido no JC Online de 19/02/2010
Na comparação entre os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Fernando Henrique Cardoso, a ministra da Casa Civi, Dilma Rousseff, destaca a retomada da política industrial como o um dos principais diferenciais da gestão petista.
A pré-candidata do PT à disputa presidencial reconhece que a continuidade das diretrizes econômicas da gestão FHC foi uma "decisão política", mas ressalta que o incentivo ao setor produtivo com base no crédito, na política de desoneração fiscal e no incentivo à inovação é marca "significativa" do governo Lula.
Em entrevista publicada no livro "Brasil, entre o passado e o futuro" (Editora Boitempo), lançado no 4ºCongresso do PT, a ministra Dilma diz que, além da retomada da política industrial, o governo Lula fez "reaparecer a palavra 'desenvolvimento'". Os temas foram citados por Dilma em resposta ao questionamento sobre o motivo de o governo Lula ter mantido diretrizes da política econômica de FHC.
Apesar de defender o governo Lula, a ministra destaca uma "importante alteração a ser feita": a criação de "princípios meritocráticos e profissionais" para o funcionalismo público. A proposta, que deve ser defendida na campanha presidencial, colide com o que é defendido pelo PT e por sindicatos ligados ao partido, que sempre criticaram a criação de metas para servidores públicos.
As 20 páginas da entrevista com Dilma lembram a plataforma de um programa de governo, com propostas e promessas, como a de que até os rincões do país terão acesso à internet banda larga. O foco da pré-candidata petista é a defesa do papel de um Estado forte. Segundo Dilma, essa tese tem respaldo inclusive no setor industrial. "Deram-se conta, claramente, de que o Estado não é concorrente, mas indutor e parceiro", afirma.
Dilma sinalizou como deve abordar a defesa do fortalecimento do Estado na campanha eleitoral, ao aproximar o tema da vida do eleitor. Ela cita, por exemplo, que o fato de "tantas pessoas morarem em áreas de risco", os alagamentos e desabamentos nos períodos das chuvas estão relacionados à desarticulação do Estado. Um Estado forte, com papel de "executor" tem condições de "universalizar o saneamento, melhorar a segurança pública, a habitação e melhorar as condições de vida da população, analisa a ministra.
Na mesma linha, a pré-candidata do PT defende a "recomposição dos bancos públicos" impediu demissões. Ela diz que instituições como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES "impediram" que a economia "naufragasse" durante a crise econômica mundial e "o setor privado sucumbisse, desempregando milhares de brasileiros." A petista sinaliza também para a defesa do reforço dos investimentos em Educação e Ciência e Tecnologia.
Para 2010, Dilma aposta que o país registrará uma situação fiscal semelhante à de 2008, "a melhor que tivemos", com PIB alto, crescimento acelerado, juros em queda e "queda significativa da dívida". A entrevista foi concedida ao cientista político Emir Sader, ao assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia e ao ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso, no início de janeiro.
(Cristiane Agostine, para o Valor Econômico, 19/2)
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