Post de Diego Moura
A Leish-111f é uma poliproteína formada pela fusão de três antígenos: o TSA, LmSTI1 e o LeIF. Já foi demonstrado que a imunização de camundongos, pela via subcutânea, com a Leish-111f levou a indução de imunidade duradoura do tipo Th1 e ao controle da infecção por Leishmania (Infect Immun 2002; 70: 4215-25 e Vaccine 2002; 20: 3292-303).
No artigo de Sakai et al., (Intranasal immunization with Leish-111f induces IFN-γ production and protects mice from Leishmania major infection), os autores avaliaram a capacidade protetora da imunização com Leish-111f, pela via intranasal (i.n.), a qual é fácil de ser realizada, segura e livre de dor.
Primeiramente, os autores mostraram que a imunização de camundongos com uma, duas ou três doses de Leish-111f mais a toxina da cólera (“cholera toxin” - CT), como adjuvante, foi capaz de induzir produção de IFN-γ em esplenócitos estimulados com Leish-111f. Entretanto, não foi detectado a produção de IL-4. Estes resultados sugerem que a imunização i.n. com Leish-111f/CT induz uma resposta do tipo Th1.
Sabe-se que a indução de uma resposta do tipo Th1 promove a cura e a diminuição da carga parasitária em animais infectados. Desta forma, os animais imunizados foram infectados com 1 x 106 de L. major para avaliar a capacidade protetora da poliproteína. Apesar da imunização, os animais desenvolveram um pequeno nódulo entre a 1ª e a 4ª após a infecção. Entretanto, este nódulo desapareceu completamente após a 5ª semana. Na 12ª semana, a média do tamanho da lesão no grupo controle foi de 115,5 ± 43.0 mm2. Este resultado sugere que a imunidade induzida por uma simples imunização é capaz de proteger os animais contra infecção por L. major.
Um problema da imunização i.n. é a indução de tolerância, mas já foi relatado que a CT, não é só capaz de superar essa supressão, como também aumenta a resposta imune (Infect Immun 2003; 71: 6850-6 e J Immunol 1984; 133: 2892-7). Neste estudo, a imunização com seis doses de Leish-111f/CT não induziu tolerância e isso provavelmente se deve ao CT.
O trabalho de Sakai et al. é simples e elegante, e mostra que a imunização pela mucosa também pode ser uma via interessante para o desenvolvimento de vacinas, não só contra patógenos que utilizam esta via como porta de entrada.
Sakai SI, Takashima Y, Matsumoto Y, Reed SG, Hayashi Y, & Matsumoto Y (2010). Intranasal immunization with Leish-111f induces IFN-gamma production and protects mice from Leishmania major infection. Vaccine PMID: 20056184
Coler, R., Skeiky, Y., Bernards, K., Greeson, K., Carter, D., Cornellison, C., Modabber, F., Campos-Neto, A., & Reed, S. (2002). Immunization with a Polyprotein Vaccine Consisting of the T-Cell Antigens Thiol-Specific Antioxidant, Leishmania major Stress-Inducible Protein 1, and Leishmania Elongation Initiation Factor Protects against Leishmaniasis Infection and Immunity, 70 (8), 4215-4225 DOI: 10.1128/IAI.70.8.4215-4225.2002
Skeiky YA, Coler RN, Brannon M, Stromberg E, Greeson K, Crane RT, Webb JR, Campos-Neto A, & Reed SG (2002). Protective efficacy of a tandemly linked, multi-subunit recombinant leishmanial vaccine (Leish-111f) formulated in MPL adjuvant. Vaccine, 20 (27-28), 3292-303 PMID: 12213399
Bagley, K., Abdelwahab, S., Tuskan, R., & Lewis, G. (2003). An Enzymatically Active A Domain Is Required for Cholera-Like Enterotoxins To Induce a Long-Lived Blockade on the Induction of Oral Tolerance: New Method for Screening Mucosal Adjuvants Infection and Immunity, 71 (12), 6850-6856 DOI: 10.1128/IAI.71.12.6850-6856.2003
Elson CO, & Ealding W (1984). Cholera toxin feeding did not induce oral tolerance in mice and abrogated oral tolerance to an unrelated protein antigen. Journal of immunology (Baltimore, Md. : 1950), 133 (6), 2892-7 PMID: 6491278
Vlw Diegão!! Mandando ver!!
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