Post de Marcia Weber
As histonas nucleossomais são proteínas fortemente alcalinas encontradas nos núcleos das células de eucariotos. Elas envolvem o DNA e são antígenos altamente conservados. A Leishmania possui histonas, mas não as secretam normalmente. Porém, após a destruição das amastigotas pelos macrófagos ativados, ou após a citólise espontânea dessas amastigotas dentro da célula infectada, esses antígenos são liberados, sendo capazes de induzir uma potente resposta imune no hospedeiro. Esta resposta está associada com proteção, sendo do tipo Th1. De fato, vários trabalhos já demonstraram a capacidade promissora deste antígeno para vacinação e sorodiagnóstico (as estratégias de vacinação anti-leishmania utilizando histonas foram revistas recentemente, assim como o uso de histonas no contexto geral da vacinação contra este parasita).
Um trabalho recente (Cellular and humoral responses induced by Leishmania histone H2B and its divergent and conserved parts in cutaneous and visceral leishmaniasis patients, respectively de A. Meddeb-Garnaoui, et al. Vaccine 28: 1881-1886 de 17 de fevereiro 2010) analisou a histona H2B, testando a proteína total e suas porções divergente, a amino-terminal (H2B-N) e a conservada, a carboxiterminal (H2B-C). A histona e as duas regiões citadas foram testadas quanto à capacidade de induzir resposta imunocelular em indivíduos com história pregressa de leishmaniose cutâneo localizada (LCL), causada por Leishmania major e avaliaram também a resposta humoral de pacientes com leishmaniose visceral (LV) contra as histonas.
No caso da LCL, a H2B induziu uma resposta do tipo Th1 em indivíduos que curaram a LC, com importante produção de IFN-g. Uma produção menor foi observada com a fração H2B-N (divergente). Todas as proteínas testadas induziram a produção de IL-10 tanto em indivíduos curados de LCL como em controles sadios. A proteína total apresenta mais epítopos T, o que é importante para o desenvolvimento de uma vacina pois mais epítopos a tornam mais eficiente.
Também avaliaram a resposta humoral contra a histona e suas frações em pacientes com LV, causada por Leishmania infantum. Tanto H2B quanto H2B-n foram altamente reconhecidas pelos soros de LV. os autores também demonstraram que a região divergente na sequência de aminoácidos que codifica a H2B é o alvo principal da resposta humoral, o que torna a região amino-terminal da proteína um alvo importante para o sorodiagnóstico de pacientes com LV.
Ilustracão: Nucleossoma
de Oliveira, C., Nascimento, I., Barral, A., Soto, M., & Barral-Netto, M. (2009). Challenges and perspectives in vaccination against leishmaniasis Parasitology International, 58 (4), 319-324 DOI: 10.1016/j.parint.2009.07.013
Carrión, J., Folgueira, C., & Alonso, C. (2009). Development of Immunization Strategies against Leishmaniosis based on the Leishmania Histones Pathoantigens Procedia in Vaccinology, 1 (1), 101-103 DOI: 10.1016/j.provac.2009.07.018
Depois de ver os posts do Diego e da Marcia, vi que pode ser uma boa ideia colocar os estudantes para escreverem sobre os assuntos do Journal Club...
ResponderExcluirCada apresentador escreveria um pequeno texto sobre o assunto...
Eh bom dar essa sugestao quando nao se estah mais hein?
Abracos
"A Leishmania possui histonas, mas não as secretam normalmente"??. "Porém, após a destruição das amastigotas pelos macrófagos ativados, ou após a citólise espontânea dessas amastigotas dentro da célula infectada, esses antígenos são liberados, sendo capazes de induzir uma potente resposta imune no hospedeiro". Onde posso ler isso?
ResponderExcluirParabéns Marcia pelo post!!!
ResponderExcluirAnônimo veja os seguintes artigos:
ResponderExcluirEvolutionary conserved proteins as prominent immunogens during Leishmania infections. De Requena et al.
Immune response regulation by Leishmania secreted and non-secreted antigen. De Santarém et al.
Santarém et al, (2007). "Subsequently, one obvious source of intracellular proteins is the parasites from the *initial inoculum* some of which are destroyed. Furthermore, it was recently demonstrated that the presence of apoptotic parasites in the initial inoculum is a requisite for disease development"
ResponderExcluirRequena et al. (2000). "We postulate that during Leishmania infection a proportion of *promastigotes*/amastigotes cells are destroyed, thus releasing sub-stantial amounts of multicomponent complexes containing these panantigens"
Eu estava certo então que isso não está bem explicado??
Beijos e parabéns Marcia pelo post.
Anonimo, as histonas realmente não são normalmente secretadas, porém, postula-se que quando há destruição das formas pro e amastigotas, elas podem serem liberadas e apresentadas ao sistema imune. Estes trechos confirmam.
ResponderExcluirObrigado!