segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

LPG, metaciclogênese, TLR2 e potencial para vacinas...


Post de Diego Wilke
O lipofosfoglicano (LPG) é a molécula de superfície majoritária em promastigotas de Leishmania e, dentre outras funções, tem participação no reconhecimento da Leishamania pelos macrófagos. O trabalho “Leishmania major lipophosphoglycan: Discrepancy in toll-like receptor signaling” (Kavoosi et al., 2010. Exp. Parasitol. v. 124, 214-218) mostra que o LPG é reconhecido como PAMP pelo receptor Toll-like 2 (TLR2) de macrófagos, mas não pelo TLR4. Estudos de novas estratégias para vacinas mostraram que a ativação de TLR2 polariza uma resposta do tipo Th1 e contribui para eliminação de infecções, portanto torna animador o desenvolvimento de vacinas baseadas em TLR2 e, em Leishmania, o LPG figura como um candidato para tal. A esse respeito os autores discutem:
“Recently, TLR2 targeted vaccines have been designed and used in different immunization studies in mice model. A herpes simplex virus type 2 (HSV-2) CD8+ Tcell peptide epitope extended by a palmitic acid moiety (a TLR2 agonist) was synthesized and applied intravaginally to B6 mice. HSV-2-specific memory CD8+ cytotoxic T-cells, both locally in the genital tract draining lymph nodes and systemically in the spleen, were generated. Moreover, lipopeptide-immunized TLR2(_/_) and MyD88(_/_) mice developed significantly less HSV-specific CD8+ T-cell response, earlier death, faster disease progression, and higher vaginal HSV-2 titers compared to lipopeptideimmunized wild-type B6 mice (Zhang et al., 2009). TLR2 agonists covalently conjugated to antigenic peptides specific for CD8+ Tcells were successfully used in another mouse immunization model (Khan et al., 2009). In addition, a toll-like receptor 2 directed fusion protein vaccine against tuberculosis has been shown to promote a Th1 response and control the disease in mice (Wang et al., 2007). These pioneering experimental vaccines implicate the valuable adjuvant impact of TLR2.”

Embora já tenha sido demonstrada a importância do TLR2 para estimular a imunidade inata mediada por LPG de L. donovani, Kavoosi compara também a diferença entre os efeitos do LPG presente na membrana do parasita (LPGm) e liberado no sobrenadante (LPGs). As estruturas encontradas foram similares, mas o LPGs possui tamanho maior que o LPGm. Vale comentar ainda que na fase log de L. major o LPG é maior que na estacionária, portanto acredita-se o LPGs é liberado pelos parasitas  durante a metaciclogênese. O LPGs induziu maior produção de NO que o LPGm. Na realidade o mesmo autor já havia publicado um trabalho com Salvatore Turco (Kavoosi et al., 2006.  Exp. Parasitol. v. 114, 323–328 ) demonstrando que o LPGs de L. major induz resposta Th1 em PMBC humano, aumentando a produção de INF-gama e IL-12. Nesse trabalho eles ressaltam:

“…it is concluded that sLPG but not mLPG has ability to promote a Th1 response suggesting potential in vaccine design.

Diferentes espécies de Leishmania mudam o tamanho ou adicionam ramificações ao LPG na metaciclogênese diminuindo a afinidade pelo intestino do parasita metacíclico. Como dito no início, também é sabido que o LPG é reconhecido pelos macrófagos. Pois bem, em ambos os trabalhos uma coisa a mais ficou apenas implícita: o LPG de parasitas metacíclicos é menos imunogênico para célula de mamífero. Isso ressalta a eficiência da transformação da Leishmania que, por um mecanismo comum em que o LPG tem um papel central, permite que ela saia do flebótomo e seja reconhecida pelo macrófago de vertebrado, mas sem induzir uma resposta muito forte, tornando altas suas chances de infecção.



Kavoosi, G., Ardestani, S., Kariminia, A., & Alimohammadian, M. (2010). Leishmania major lipophosphoglycan: Discrepancy in toll-like receptor signaling Experimental Parasitology, 124 (2), 214-218 DOI: 10.1016/j.exppara.2009.09.017
KAVOOSI, G., ARDESTANI, S., KARIMINIA, A., ABOLHASSANI, M., & TURCO, S. (2006). Leishmania major: Reactive oxygen species and interferon gamma induction by soluble lipophosphoglycan of stationary phase promastigotes Experimental Parasitology, 114 (4), 323-328 DOI: 10.1016/j.exppara.2006.04.006
ResearchBlogging.org

2 comentários:

  1. Não deixem de ver também os dois trabalhos Secundino et al., e Svarovska et al.)recentes que abordam o papel do LPG dentro do inseto, confirmando o quanto esta molécula é crucial para que o parasita não seja excretado após o repasto sanguíneo.

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  2. Sim, isso de LPG e os flebotomos inclusive eh um tema que vem sendo estudado intensamente. Em janeiro O David Sacks deu um seminario abordando detalhadamente tudo isso.

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