quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Como motivar um grupo de pesquisa

ResearchBlogging.org
Post-zinho rápido para falar de um artigo que pretende indicar como criar um grupo de pesquisa motivado. !Vaya buena intención! 
O artigo How to Build a Motivated Research Group , Uri Alon , foi publicado em janeiro no Molecular Cell (37: 151-152, 2010 DOI 10.1016/j.molcel.2010.01.011).
Todos sabem que os grupos de pesquisa diferem em motivação, como de resto qualquer grupo. Segundo a descrição do autor, em alguns grupos os estudantes não conseguem esperar chegar de manhã no laboratório, não param de pensar em seus projetos e têm um senso de crescimento pessoal e intelectual; em outros grupos, após dois anos, os estudantes estão deprimidos, sem motivação e no final relutam em olhar seus próprios trabalhos. Confesso que neste ponto quase parei a leitura de texto tão maniqueísta.
Há alguns trechos interessantes, um deles é que muitas vezes se atribui a motivação apenas à responsabilidade do estudante: ou tem ou não tem. “However, research in psychology has begun to demystify motivation and can offer useful concepts for scientists. The goal is to provide people with the conditions that enhance their natural self-motivated behavior.”
Cita que alguns estudos realizados sobre a avaliação do comportamento auto-determinado (motivação) que o dinheiro e outros tipos de recompensa neste tipo de atividade aparentemente reduzem a motivação (Viram que o valor das bolsas está embasado cientificamente?).
O que leva à motivação? Competência, Autonomia e Conectividade social. Quanto à competência, não sobrecarregar o iniciante com tarefas acima de sua capacidade.
“...autonomy is essential for motivation. Autonomy is the sense that the project emanates from the person and not from an external source. Using threats or punishment tends to decrease autonomy. 
...
The third strand of motivation is social connectedness: having someone in the group care about you and your project.
….
And then a student gives a scientific talk, in which the group is given a role: imaginary referees if the project is before publication, brainstormers if this is a preliminary talk about a future project. I am mindful to explain jargon to newcomers and to appreciate members for effort in the face of tough problems and for helping each other. Over the years, this has created a culture of connectedness in the lab that is one of my main joys.”
No final tudo parece depender da escolha de um bom projeto. Precisa um artigo para chegar a esta conclusão?
Pouca coisa de nova ou importante. Conclusão: Buena intención, pobre resultado.

Alon, U. (2010). How to Build a Motivated Research Group Molecular Cell, 37 (2), 151-152 DOI: 10.1016/j.molcel.2010.01.011

4 comentários:

  1. Não se "bolsa baixa" é um bom motivador... Só se for um motivador para cabar log a tese/dissertação, de qualquer jeito, e se livrar disso para poder trabalhar de verdade e ganhar alguma coisa que de para se manter, pagar contas e comprar o basico.

    O problema dessa "motivacao", acho eu, eh que o trabalho sai "de qualquer jeito"

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  2. Esperava que a ironia do (Viram que o valor das bolsas está embasado cientificamente?) tivesse ficado mais claro. Para mim o "Nullius in verba" da Royal Society de Londres continua sendo tomado ao pé da letra ("Não aceite o que dizem" - o seu complemento lógico: faça o experimento) e não o que parece (Não há verba).

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  3. Tenho algumas consideracoes:
    1. Muitas vezes, o entusiasmo de uma equipe depende do entusiasmo do chefe da equipe. Se vc estah em um cenario em que o chefe estah desmotivado, eh dificil conseguir bons resultados. Porque a ciencia depende do interesse.

    2. O interesse depende do ambiente cotidiano. Um ambiente que propicia a criatividade cientifica eh certamente aquele no qual ha desafios e estimulos. Quando o cara comeca a nao ter tempo porque estah afundado em aulas ou burocracia, dificilmente restara energia para motivar os estudantes de ciencia. Infelizmente isso acontece em muitos lugares. Junte isso com a questao da grana e vamos notar que o proprio estudante comeca a dar aula pra ter mais condicoes de sustento. Ai, esse estudante passa a dividir atencao. E a sua criatividade, que era para ter boas ideias e bons trabalhos cientificos, vai ser utilizada para preparar slides bonitos adequados ao entendimento de estudantes de escolas particulares. Vamos somar agora a falta de tempo do orientador com a divisao de tempo (e perda do interesse) do estudante. No que dah? Queda de producao do laboratorio.

    3. Os intergrante do laboratorio deveriam pensar como uma empresa, na qual se um vai mal, a reputacao de todos caem. Ou mesmo um time. Assim, todos lutariam com garras e dentes para defender o interesse comum que eh a reputacao do grupo de pesquisa. Isso ajuda todo mundo. Todo mundo lucra com isso. Ao inves de termos um monte de estudante pensando nas suas proprias teses somente, teriamos um propulsor de ideias que gerariam certamente propucao diferenciada. Alguns laboratorios funcionam assim. Em outros laboratorios, partes, setores, funcionam assim. Muitos outros nao sabem nem o que eh isso.

    4. Em alguns labs, ha uma competicao entre os estudantes. Essa competicao pode ser pela atencao do orientador ou mesmo respeito e atencao dos colegas. Nessa de competicao, dados sao escondidos, ideias nao sao dividias, reagentes somem, etc. Sim eh horrivel. Sim existe. Sim, mas do que se imagina. Quando o ambiente eh assim, ou todo mundo eh brilhante (e sei de casos), ou o laboratorio afunda (e a producao do orientador tambem).


    Abraco

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  4. Galera, se com 4 meses nos EUA eu jah estou cometendo tantos erros de concordancia verbal e pontuacao, tenho medo do que vou escrever (e como vou escrever) depois de alguns anos.

    Mais abracos

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